Reiniciar pesquisa
Estudos no mundo todo apontam a urgência em ações de conservação e restauração dos ecossistemas naturais visando garantir a provisão de serviços ecossistêmicos. Porém, instrumentos de comando e controle como a Lei de Proteção de Vegetação Nativa no Brasil não são suficientes para garantir a proteção e restauração dos ecossistemas de forma a proteger os serviços ecossistêmicos. Em especial, a Mata Atlântica, que já se encontra bastante ameaçada e requer metas ambiciosas de restauração de vegetação nativa para proteção e restauração dos seus serviços ecossistêmicos. Assim, programas de Pagamentos por Serviços Ecossistêmicos (PSE) são fundamentais para garantir a proteção da biodiversidade e controle dos sistemas climático e hidrológico no bioma. Porém, programas de PSE descontinuados espacialmente e temporalmente podem comprometer a efetividade dos mesmos, sendo necessário um planejamento estratégico para sua implementação. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivo desenvolver um modelo espacial de apoio à tomada de decisão para identificar áreas prioritárias para a implementação de programas de PSE baseado em fatores ambientais e socioeconômicos. As áreas prioritárias serão traçadas onde os benefícios sejam maximizados em três esferas: biodiversidade, água e carbono, e que incorpore a variável socioeconômica, avaliando o potencial de retorno econômico e a intenção de participação nos programas pelos produtores rurais. Para tanto, serão gerados três mapas de áreas prioritárias, sendo um para biodiversidade, um para água e outro para carbono. Isto baseando-se em critérios selecionados por Técnica Participatória (consulta a especialistas e tomadores de decisão, além de literatura) e representativos de atributos da paisagem relacionados aos respectivos serviços ecossistêmicos. Pretende-se agregar a informação destes três mapas em um único, representativo das áreas potenciais e ações para os três serviços. Por fim, esse produto final será avaliado em conjunto com informações fundiárias e de uso do solo de propriedades rurais, incluindo dados de déficit de vegetação nativa ou excedentes, pastagens de baixa aptidão agrícola, potencial de regeneração, dados do Programa Nascentes, áreas prioritárias dos comitês de bacias ou outras relacionadas ao uso do solo, que não compuserem os critérios. Ao final haverá a seleção de propriedades focais, utilizadas para gerar cenários de implementação de PSE que serão comparados com cenário contrafactual com base em variáveis ambientais e econômicas, além de seleção de proprietários rurais para entrevistas. Os proprietários rurais serão entrevistados para avaliar a percepção de proprietários já inscritos em programa de PSE e proprietários potencialmente beneficiados em futuros programas. Também serão entrevistados investidores de PSE privado para avaliar a implementação de PSE privado. Todos esses resultados serão utilizados para traçar um planejamento estratégico para os tomadores de decisão para a implementação de novos programas de PSE públicos e privados, com foco para o Programa Conexão Mata Atlântica. (AU)
Os ambientes naturais, a partir de suas funções ecossistêmicas, promovem a geração e ou manutenção de serviços ecossistêmicos os quais estão integrados às atividades socioeconômicas promovidas pelos diferentes grupos sociais. Tais serviços incluem aqueles de apropriação direta, como o uso dos recursos naturais para alimentação e dessedentação, e também os de apropriação indireta, como a regulação climática, a manutenção da qualidade das águas e os serviços socioculturais. No entanto, parcela importante destes serviços vem sendo impactada, com consequências de curto, médio e longo prazos para a própria manutenção do modus vivendi desses diferentes grupos sociais. Como exemplo, a manutenção da quantidade e qualidade dos recursos hídricos tem forte relação com os serviços de suporte e regulação prestados pelo uso e manejo adequado do solo e a conservação de áreas naturais, uma vez que as florestas são consideradas importantes provedoras para proteção das bacias hidrográficas. Estas relações contribuem também para a oferta de serviços socioculturais, uma vez que áreas bem conservadas permitem a frequentação de visitantes para vivências na natureza e a manutenção de sistemas produtivos de baixo impacto, em escala local e regional. Tais serviços podem ser mensurados e sua valoração, a partir das relações de troca dos efetivos beneficiários, pode representar uma fonte de recursos para o investimento na conservação ambiental. Além disso, pode contribuir para a formulação de modelos de manejo dos recursos naturais em bases mais sustentáveis, com agregação de valor a práticas comunitárias tradicionais e fomento à formulação de arranjos produtivos diferenciados. Neste contexto, surgem os programas de Pagamentos por Serviços Ambientais e ou Ecossistêmicos (PSA/E).Embora haja um considerável, e crescente, esforço de aplicação de programas de PSA/E no país, há pouquíssimas ações, especialmente de pesquisa e levantamento de dados, direcionadas à exploração das relações dose-resposta na produção de serviços ecossistêmicos, bem como à identificação e análise de perfis de beneficiários, de maneira a se estabelecer um ciclo fechado de PSA/E. Há carências também na identificação das adicionalidades geradas por programas parciais de PSA, o que poderia ampliar consideravelmente o rol de beneficiários (e potenciais contribuidores). Como exemplo, PSA hídricos que investem na restauração de áreas degradadas podem gerar benefícios em termos de biodiversidade, retenção de carbono e socioculturais. Neste sentido, a contabilização destas adicionalidades é importante para ampliar a justiça na aplicação de programas desta natureza.Neste contexto, e buscando alinhar elementos de pesquisa complementares ao projeto Conexão Mata Atlântica, o presente projeto tratará das lacunas de conhecimento das relações dose-resposta dos serviços ecossistêmicos de restauração e conservação de florestas: solos/água, retenção de carbono, biodiversidade e socioculturais. No primeiro caso, o projeto envolve o estudo das relações dose-resposta com obtenção de parâmetros locais. No caso do carbono, pretende-se analisar fluxos de carbono em fragmentos florestais, de maneira a obter medidas da dinâmica de carbono nestes ambientes. Para a biodiversidade, pretende-se estudar metodologias para valoração baseadas nos dados e informações a serem obtidos no projeto Conexão Mata Atlântica e outros. Já para os aspectos socioculturais, o projeto compreende a formulação de indicadores e metodologia de monitoramento participativo dos impactos das ações de programas de PSA/E para a conservação ambiental e para o bem viver das comunidades envolvidas, aspectos ainda não abordados nas ações relacionados ao Projeto Conexão da Mata Atlântica e também incipientes nos programas similares em nível municipal e de comitês de bacia hidrográfica. (AU)
Diante do importante papel das florestas no fornecimento de serviços de regulação do clima e da água, várias ações de conservação e recuperação de florestas tem sido realizadas no Brasil. Entre elas, destacamos o Projeto Conexão Mata Atlântica, uma iniciativa do Global Environmental Facility (GEF) e do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, ao qual esta proposta está vinculada. Embora o valor ambiental das florestas preservadas seja muito alto, ainda há incertezas consideráveis acerca dos efeitos sobre os recursos hídricos decorrentes de uma recuperação florestal. Enquanto a maioria dos estudos sugere que altas taxas de evapotranspiração levariam a uma diminuição nas reservas de água da superfície e subsuperfície, estudos recentes indicam que uma cobertura florestal adequada poderia favorecer o armazenamento de água no solo, necessária para suprir as demandas metabólicas e atmosféricas, e a recarga de águas subterrâneas. Considerando este assunto como uma importante questão científica e de gestão ambiental, esta proposta visa responder às seguintes perguntas: qual é a taxa média de uso da água para quantidade de biomassa produzida em espécies nativas da Mata Atlântica e espécies exóticas pinus e eucalipto? qual é o potencial de que áreas reflorestadas armazenem, e eventualmente excedam, a quantidade de água necessária para a sua manutenção e desenvolvimento, potencialmente contribuindo para recarga de aquíferos? Como essas propriedades variam ao longo de diferentes estágios de regeneração florestal? As respostas a essas e outras questões serão obtidas por meio de medições in situ das variáveis do balanço hídrico e da biomassa acima do solo ao longo de sequências cronológicas da recuperação da Mata Atlântica.Complementados com análises de modelos computacionais das interações solo-planta-atmosfera,os resultados aqui obtidos serão traduzidos em produtos que permitam aos tomadores de decisão estimar quantidades de água requeridas para os diversos projetos de reflorestamento bem como considerar o potencial de acumulo de água na bacia resultante desses projetos, que poderia ser traduzido em termos monetários para aplicação em ações de pagamento por serviços ambientais. (AU)
A Mata Atlântica, detentora de grande biodiversidade é o segundo bioma brasileiro mais ameaçado e ocupa atualmente mais de 90% da área florestal remanescente do estado de São Paulo. Com grande prioridade de conservação para biodiversidade global esse bioma abriga mais de 20.000 espécies vegetais e 35% da biodiversidade Brasileira. Essa vegetação ocorre na forma de pequenos fragmentos e, portanto se encontra na maioria das vezes ameaçada por efeito de borda. As mudanças climáticas também oferecem um risco irreversível à essas áreas uma vez que podem afetar diretamente a ocorrência e crescimento de espécies endêmicas.Um dos gargalos para a pesquisa e ações de preservação desses fragmentos é a escolha de metodologias confiáveis e de fácil aplicação na geração de dados sobre o comportamento de espécies nativas em diferentes condições ecológicas e como se comportariam com a mudança desse cenário climático num futuro próximo ou longínquo. O presente projeto tem como objetivo, realizar difusão de dois modelos de bases eco fisiológicas, 3-PG (Physiological Principles in Predicting Growth) e o YieldSafe, desenvolvidos pelo CEF(Centro de Estudos Florestais) do ISA(Instituto Superior de Agronomia) da Universidade de Lisboa, Portugal e já adotados em países europeus. Basicamente os modelos após entrada de parâmetros fisiológicos de espécies arbóreas e culturas, dados de clima e solo traçam um panorama de crescimento dessas espécies e produtividade de culturas no cenário avaliado. Com isso além de gerar dados de crescimento, carbono, biomassa e produção, podem fazer prospecções correlacionando as espécies estudadas e mudanças climáticas. Para tal serão realizados dois encontros de capacitação técnica durante o projeto e ações de disseminação na parte final do mesmo. Sempre visando o aumento da biodiversidade e conectividade de áreas de vegetação nativa de mata atlântica serão elencadas inicialmente algumas espécies alvo de estudo e sistemas de produção agrícola envolvendo também culturas, tendo como meta a mensuração de estoque de carbono, promoção do manejo sustentável da paisagem florestal, restauração ecológica de florestas nativas e promoção da regeneração natural de Bacias Hidrográficas do Paraíba do Sul. Após a determinação das espécies no primeiro módulo de capacitação serão determinados parâmetros fisiológicos das mesmas e parâmetros de solo e clima da região.O segundo curso de capacitação voltado para a equipe técnica do projeto terá como alvo o repasse de conhecimento necessário para a aplicação dos dois modelos matemáticos usando como base os índices fisiológicos e edáficos previamente gerados. Essa ação possibilitará a prospecção do potencial de crescimento de arvores e culturas em diferentes cenários climáticos além de gerar dados atuais de carbono e produtividade na região. Finalmente serão elaboradas publicações científicas e técnicas necessárias para a fase de disseminação do projeto. A fase de disseminação será implantada com a realização de encontros com a comunidade de produtores para traçar metas de plantio com diferentes sistemas incluindo prioritariamente as espécies avaliadas. Essa fase será realizada em parceria com a CATI e OCIPs (que já realizam atividades na Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, área prioritária do projeto). Também estão previstas participações em eventos nacionais e internacionais relacionados às atividades do projeto." (AU)
Nossa proposta é focada na área temática 2.1.1 (i) item a Da Biodiversidade: Pesquisa, inventário e caracterização da biodiversidade existente na região, e dos impactos a que está sujeita; e 2.1.1 (ii) Pesquisa para o estabelecimento de modelos para avaliação da percepção social dos serviços ecossistêmicos; Pesquisa para o estabelecimento de modelos para minimizar o conflito entre produtores rurais e mamíferos predadores. O estudo será realizado no Corredor Sudeste da Mata Atlântica (CSMA), nas áreas do referido edital. Nossas perguntas centrais são: (1) Como a diversidade biológica sustenta os serviços ecossistêmicos?; e (2) Quais são os custos e benefícios associados à biodiversidade, considerando tanto os serviços ecossistêmicos quanto os conflitos decorrentes das interações humano-fauna? Especificamente, objetivamos responder: (1) Como está estruturada a cadeia trófica dos mamíferos no CSMA? (2) Quais são os padrões de diversidade de mamíferos sob uma perspectiva metacomunitária? (3) Quais funções ecológicas podem ter sido retidas ou perdidas no CSMA e qual o impacto nos serviços ecossistêmicos (SEs) na região? (4) Existe conectividade funcional (fluxo gênico) de mamíferos no corredor? (5) Como a percepção de custos e benefícios associados à biodiversidade determina atitudes e comportamentos entre os produtores rurais em relação à fauna e à conservação? (6) Como o pagamento por serviços ambientais (PSA) afeta tais percepções, atitudes e comportamentos? (7) Quais são as estratégias mais custo-efetivas para: (i) mitigar conflitos; (ii) promover a coexistência entre produtores rurais e fauna silvestre; e (iii) engajar as comunidades locais na recuperação e proteção dos SEs? Esperamos que os padrões de diversidade - i.e., alfa alta e beta baixa - sejam um proxy de geração ou perda de SEs e de estoques de carbono. O impacto explícito do projeto nos habilita mapear assembleias com diversidade local reduzida, inábeis de manterem íntegro o funcionamento dos ecossistemas, condicionadas ao efeito resgate de assembleias adjacentes. Padrões de diversidade beta baixos indicarão que as assembleias têm fluxo entre elas, e o continuum florestal cumpriria a função de assegurar a conservação da biodiversidade e de SEs. Nesse cenário, a potencial erosão dos SEs prestados por mamíferos no CSMA está associada ao conflito e caça, não sendo a fragmentação a força motriz de um eventual colapso de funcionamento. Esperamos que o incentivo proporcionado pelo PSA aumente a tolerância aos grandes carnívoros e herbívoros e, assim, gere atitudes positivas em relação aos SEs prestados pela biodiversidade e a sua proteção. Nosso projeto integrará de forma interdisciplinar ecologia de mamíferos e dimensões humanas da conservação, propondo um modelo de pesquisa e extensão que permita gerar informações que subsidiem políticas públicas mantenedoras de SEs na região. (AU)